O Brasil já contabiliza 217 notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas, segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira, dia 6. A maioria dos casos — 82,49% — está concentrada no estado de São Paulo, onde também foram confirmadas duas mortes. Outros 12 estados registram ocorrências em investigação (veja a lista mais abaixo).
Durante coletiva de imprensa em Brasília, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a ampliação da capacidade de análise laboratorial dos casos suspeitos, com o apoio do laboratório da Unicamp, em São Paulo. A estrutura permitirá a realização de até 190 testes por dia, o que deve agilizar o diagnóstico e o tratamento dos pacientes.
“Nós teremos grandes laboratórios como referência para todo o país, especialmente para o estado de São Paulo, que concentra o maior número de casos e com maior demanda para realizar os exames de confirmação ou descarte da intoxicação por metanol”, afirmou.
Além da Unicamp, a Fiocruz deve integrar em breve a rede de reforço na análise das amostras.
Desde o último sábado, dia 4, o ministério distribuiu mais de mil unidades do antídoto etanol para oito estados: Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e Rio de Janeiro. A medida faz parte do plano de resposta emergencial articulado com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que garantirá a reposição e o envio das ampolas conforme a necessidade de estados e municípios.
Outras 60 mil unidades de etanol estão em processo de aquisição. Paralelamente, o governo comprou 2,5 mil doses do antídoto fomepizol de uma empresa japonesa — a primeira aquisição desse tipo no Brasil. A empresa também doou outras 100 unidades, totalizando 2,6 mil ampolas, com chegada prevista ainda nesta semana.
“Estamos garantindo um grande estoque estratégico por precaução. Somos um ministério que preza pela vida, que coloca a vida em primeiro lugar. Não esperamos um problema de saúde pública tomar proporções mais elevadas para agir”, reforçou Padilha.
O ministro também enfatizou a importância de os profissionais de saúde notificarem imediatamente os casos suspeitos, mesmo antes da confirmação laboratorial. O tratamento deve ser iniciado conforme o protocolo do Ministério da Saúde, independentemente da detecção de metanol no organismo do paciente.
Casos e mortes
Dos 217 registros de intoxicação, 17 foram confirmados e 200 seguem em investigação.
O estado de São Paulo lidera o número de notificações, com 15 casos confirmados e 164 em análise. O Paraná aparece em seguida, com 2 casos confirmados e 4 sob investigação.
Também há casos em investigação nos seguintes estados:
• Acre (1)
• Ceará (3)
• Espírito Santo (1)
• Goiás (3)
• Minas Gerais (1)
• Mato Grosso do Sul (5)
• Paraíba (1)
• Pernambuco (10)
• Piauí (3)
• Rio de Janeiro (1)
• Rondônia (1)
• Rio Grande do Sul (2)
Em relação aos óbitos, há duas mortes confirmadas em São Paulo e 12 ainda em investigação — sendo uma no Mato Grosso do Sul, três em Pernambuco, seis em São Paulo, uma na Paraíba e uma no Ceará.
O que é a intoxicação por metanol?
O metanol é uma substância tóxica e altamente perigosa, usada na indústria e proibida para consumo humano. Em bebidas alcoólicas adulteradas, pode causar intoxicação grave mesmo em pequenas quantidades.
Principais sintomas
• Dor de cabeça intensa e tontura
• Náusea e vômitos
• Dificuldade para enxergar ou visão turva (“manchas” ou “embaçamento”)
• Falta de ar e fraqueza
• Convulsões e perda de consciência
• A intoxicação pode levar à cegueira permanente e, em casos graves, à morte.
Como se prevenir
• Evite bebidas de origem duvidosa, sem rótulo ou vendidas de forma clandestina.
• Desconfie de preços muito abaixo do mercado.
• Compre apenas em estabelecimentos regulares e de marcas conhecidas.
• Em caso de suspeita de adulteração, não consuma e denuncie às autoridades sanitárias locais.
O que fazer em caso de suspeita
• Procure imediatamente atendimento médico. O tratamento é mais eficaz quando iniciado nas primeiras horas após o consumo.
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