Santa Catarina registrou, no primeiro semestre de 2025, 42,4 doadores por milhão de habitantes, o que coloca o Estado no topo da lista das maiores taxas do Brasil neste período. Entre os destaques, estão as doações de tecidos oculares, córneas e escleras — tecido que reveste o globo ocular —, de acordo com a Secretaria de Saúde catarinense.
De janeiro a agosto, foram 272 doações de tecidos oculares, 440 transplantes de córneas e 146 de escleras. Atualmente, são três Bancos de Olhos localizados em Santa Catarina, sendo eles nos municípios de Florianópolis, Chapecó e Joinville.
Segundo a Secretaria de Saúde, os Bancos de Olhos captam, processam e distribuem as córneas e escleras, capacitando, além disso, as equipes de outras unidades. Os profissionais também identificam potenciais doadores e conversam com os familiares. Feito isso, eles preparam os tecidos para os transplantes com técnicas avançadas.
— Ter um Banco Público em Santa Catarina permite escalonar a avaliação e captação de tecido ocular de acordo com a necessidade momentânea da população e das equipes transplantadoras — afirma Rodrigo Cavalheiro, responsável técnico do Banco de Olhos de Florianópolis.
Quem são os doadores
Jovens, vítimas de acidentes, traumas ou infartos, com 2 a 70 anos de idade, podem ter seus tecidos avaliados. Em Santa Catarina, pacientes oncológicos estão entre os principais doadores de tecido ocular, com o Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), em Florianópolis, tendo mais registros.
Em 2024, somente no Banco de Olhos da Capital, foram contabilizadas 416 doações de tecidos oculares, 624 transplantes de córnea e 179 de esclera. No local, há um laboratório com equipamentos com softwares para análise da qualidade de tecidos.
Como é feita a doação
A coleta pode ser feita entre 6 e 12 horas após o óbito, por equipes especializadas, de acordo com a refrigeração do corpo. As córneas, por exemplo, podem ser preservadas por até 14 dias. Já a esclera, por até um ano.
Antes de o material ser distribuído, um oftalmologista precisa avaliá-lo. Depois, é colocado em caixas térmicas, de 2 a 8 graus, e levado para todas as regiões do Estado, por ônibus e aviões.
Além de serem usadas em transplantes, as córneas também podem ser utilizadas em situações de urgência, como perfurações oculares. A esclera, por outro lado, pode ser aproveitada em reconstruções, como em cirurgias de glaucoma ou ptose.