Um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra a dinâmica do trabalho por meio de plataformas digitais no Brasil, identificando os desafios enfrentados pelos trabalhadores nesse setor.
Esses dados integram o módulo “Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais” da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e representam a primeira divulgação desse tipo de estatística pelo IBGE.
A categoria de emprego mais comum entre os trabalhadores de plataformas era “por conta própria” (77,1%). Apenas 5,9% eram empregados com carteira assinada, em contraste com os 42,2% de empregados com carteira no setor privado em geral. A predominância de trabalhadores por conta própria no trabalho em plataformas foi destacada pelo IBGE.
Em termos de plataformas digitais mais utilizadas, os aplicativos de transporte particular de passageiros lideraram, seguidos pelos serviços de entrega de alimentos e produtos. Os aplicativos de táxi representavam 13,9%, e os aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais, 13,2%.
A maioria dos trabalhadores de oportunidades era composta por homens (81,3%), percentual significativamente maior do que a média geral dos trabalhadores ocupados (59,1%). As mulheres representavam 18,7% desse grupo.
Em relação ao rendimento, os trabalhadores de plataformas ganharam, em média, 5,4% a mais (R$ 2.645) do que a média de todos os ocupados (R$ 2.513). Eles também trabalharam mais horas semanais, com uma média de 46 horas em comparação com as 39,6 horas dos não envolvidos em plataformas.
O levantamento destacou diferenças significativas em termos de rendimento entre os trabalhadores das economias e aqueles que não atuavam nesse modelo. Por exemplo, os trabalhadores com níveis de escolaridade mais baixos e que usavam plataformas digitais ganhavam mais de 30% a mais do que seus pares que não usavam essas ferramentas. No entanto, entre aqueles com ensino superior completo, os trabalhadores de plataformas ganharam 19,2% menos do que aqueles que não usavam aplicativos de serviços.
A pesquisa também constatou que apenas 35,7% dos trabalhadores de economia eram contribuintes da previdência, em comparação com 60,8% dos ocupados no setor privado. Além disso, a informalidade era mais comum entre os trabalhadores de plataformas, com 70,1%, em comparação com 44,2% dos ocupados no setor privado. Esses dados referem-se exclusivamente ao trabalho principal das pessoas.