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Histórias de coragem e amor à vida no enfrentamento ao câncer de mama

Mulheres dividem relatos e compartilham mensagens de força e esperança

Histórias de coragem e amor à vida no enfrentamento ao câncer de mama
Foto: Freepik

O câncer de mama é o tipo mais incidente entre as brasileiras (excluindo o de pele não melanoma) e também a principal causa de morte por câncer na população feminina. Os dados, divulgados no início deste mês pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), apresentam a estimativa de 73.610 novos casos em 2025 no Brasil, e Santa Catarina apresenta a maior taxa ajustada do país, com 74,79 casos por 100 mil mulheres.

Por trás dos números, há vidas inteiras. Histórias de mulheres que tiveram suas rotinas transformadas, mas que, mesmo diante do medo e da dor, buscam ressignificar seu cotidiano para fortalecer esta luta, inspirando mensagens de coragem e fé. Para Makeli Orso, Psicóloga Paliativista e Psico-oncologista, falar sobre o câncer de mama é quebrar tabus, e estimular o diálogo fortalece a importância da prevenção e do diagnóstico precoce:

“Quando o câncer de mama é tratado com empatia e informação, o medo e o estigma dão lugar à compreensão e ao apoio. Esses aspectos vão contribuir para que ela desenvolva autoconfiança e tenha uma postura mais ativa diante do diagnóstico, o que pode ser crucial para que consiga recuperar-se”.

De forma muito generosa e corajosa, duas mulheres compartilharam um pouco de suas vivências, nos deixando mensagens poderosas.
A força de amar a vida

“Viver é mais importante que sobreviver”. É assim que Elaine Folle, 54 anos, direciona seu dia a dia. Há 15 anos recebeu o diagnóstico de câncer de mama metastático, algo que mudou por completo a sua vida. Atualmente em tratamento paliativo, compartilha uma vivência onde se ressignificou. Sua mensagem inspira força, energia, equilíbrio e, sobretudo, amor à vida.

“Uma das minhas motivações é aproveitar momentos de qualidade com amigos e família. Família é um todo, a quem dedico essa entrevista”. Contudo, ela relata que este processo de ressignificar é diário, e foi ainda mais difícil no começo. O peso da palavra paliativo a fez questionar muitas vezes: “Por que comigo? Quando descobri, a primeira reação foi renegar, como se eu estivesse anestesiada, fazendo as coisas no automático. Eu não queria entender a palavra paliativo. Por que eu não poderia tocar aquele sino que simboliza o final do tratamento? Demorou muito tempo para cair a ficha, um dos maiores desafios seria compreender como seria a minha vida.”

Com o tempo, ela aprendeu a ressignificar o que vivia, um processo que, segundo ela, é diário. Uma nova Elaine precisou renascer e se reinventar. Uma Elaine que não é doença, que é vida”. Entre dias de altos e baixos, Elaine segue com foco no tratamento, o qual faz com que ela se desloque para outras cidades. “Só quem passa pelo setor de oncologia sabe o que é. Levo o tratamento a sério porque quero aproveitar mais tempo ao lado da minha família. E tenho fé, sei que nunca estamos sozinhos”. Para ela, o equilíbrio é fundamental, com tratamento levado a sério, sem deixar de se reerguer para viver e fazer o que ama, principalmente estar ao lado da família e amizades.

Em um cenário de dores, também nasceram novas amizades. Durante o tratamento, ela e outras mulheres formaram o grupo “Amigas para Sempre”. Buscam se encontrar com frequência para celebrar a vida, momentos que Elaine prioriza em seu cotidiano.

A escrita também se tornou um refúgio. Sempre que tinha oportunidade, com uma caneta e um papel, escrevia reflexões potentes. Os papéis que antes ficavam espalhados ou guardados em uma gaveta foram reunidos e, com apoio de amigos, se transformaram no livro “A Vida em Conta Gotas”, uma autobiografia lançada no ano passado.

Carrega gratidão pelo trabalho dos profissionais de saúde que a acompanham nesta jornada, e destaca o trabalho primoroso da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Maravilha e de outros municípios. Além disso, Elaine faz questão de deixar um recado:

"O autocuidado é essencial. Olhe para si com amor, faça seus exames. Essa Elaine que está aqui quer dizer: continuem, estejam presentes, vivam".

E aquele sino que simboliza o fim do tratamento, que antes parecia tão distante? Ela o ressignificou. “Hoje sinto que já toquei esse sino muitas vezes, em cada pequena conquista, em cada amanhecer”.
Compartilhando fé e dividindo força com outras mulheres

Movida pela fé, força e coragem, Salete Kleinjohan de Bairos, atualmente com 53 anos, vivenciou o tratamento. O primeiro susto veio cedo, aos 20, com um nódulo benigno na mama esquerda. Desde então, manteve o acompanhamento médico. Mas em 2022, o exame apontou um novo desafio: o diagnóstico de câncer de mama. “Não fazia ideia do que viria pela frente. São muitas etapas, até a ficha cair”, relembra.

O tratamento, feito pelo SUS, incluiu cirurgia. Além disso, realizou quatro sessões de quimioterapia vermelha e oito brancas em São Miguel do Oeste. Também passou por 16 radioterapias, onde tinha que se deslocar praticamente todos os dias para Chapecó. “Foi praticamente um ano nesse ciclo. A rotina, o tratamento, as mudanças, as incertezas, as preocupações, lidar com a questão emocional, tudo é muito desafiador, é preciso muita força”.

Durante esse período, o marido, paciente renal há mais de 20 anos, ficou acamado. "Foi uma jornada dupla. Tirei forças de onde eu nem sabia que existiam. A fé me sustentou todos os dias". O apoio da família foi fundamental: o marido, o filho (que é psicólogo), a chegada do Théo, um cachorro que virou companheiro inseparável, além dos familiares que ajudaram neste processo. “Sou muito grata a todos que estiveram ao meu lado”. Neste período, Salete também contou com o apoio profissional de uma psicóloga.

Mesmo durante o tratamento, Salete sempre foi movida pela vontade de dividir força e solidariedade, fazendo o melhor por quem precisa, mesmo que seja com uma palavra ou um gesto. O tratamento também foi um momento de encontro com outras mulheres no setor de oncologia. “Cada uma com suas dores e esperanças, entre lágrimas e risadas, buscando um pouco de leveza. Todas são especiais”.

Ela recorda com carinho um dia marcante: “Mesmo cansadas e indispostas por causa da medicação, resolvemos ir até uma lanchonete depois de um momento de tratamento. Rimos tanto, foi tão divertido. Aquela risada leve e sincera foi um momento inesquecível. Vou levar para sempre comigo”.

Salete faz questão de destacar o apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer e das equipes de saúde que a atenderam nos mais diversos setores e momentos. E reforça sua mensagem sobre prevenção: 

"A mulher precisa se conhecer. Não espere. E para quem está passando por isso, que dizer: você não está sozinha. Pode contar comigo."

Mesmo diante dos desafios, carrega o propósito de viver com amor e fé, sempre com a missão de ajudar e apoiar.
 
Estar lado a lado

Diante de um momento desafiador como este, o fortalecimento de laços e da rede de apoio se torna fundamental. Em Maravilha, a psicóloga Makeli idealizou a Associação de Apoio ao Paciente Oncológico Renascer (AAPOR), a qual também possui um grupo de apoio que promove encontros, coordenado pela profissional. “O fortalecimento das redes de apoio, seja ela formada pela família, amigos ou grupos de apoio também é essencial, pois o suporte afetivo constante auxilia na adesão ao tratamento e no fortalecimento da autoestima, além de contribuir para a redução do isolamento, o enfrentamento do medo e o fortalecimento da resiliência”. 

Sobre o compartilhamento de vivências, ela reforça a importância dessa troca para que outras mulheres não se sintam sozinhas. “O compartilhamento de vivências não é apenas reconfortante, ele promove a sensação de pertencimento, de identificação e também alimenta a esperança na mulher, ela se sente compreendida e acima de tudo, fortalecida, porque encontra nas trocas afetivas um importante recurso para lidar com as incertezas, a insegurança e as mudanças no corpo, impostas pela doença e pelo tratamento. Falar abertamente sobre o que estão vivenciando faz com que as mulheres se sintam menos sozinhas, mais compreendidas, respeitadas e acolhidas, tanto pela sociedade quanto pela família”, finaliza.

Tamara Finardi/ WH Comunicações/ Líder

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