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O Amor Romântico e seus disfarces

O Amor romântico e Seus Disfarces, porque o amor pode vir disfarçado e em algumas situações nos surpreender com suas facetas não tão boas como gostaríamos

O Amor Romântico e seus disfarces
Foto: Divulgação

Parte III

As últimas publicações nos dedicamos a um assunto muito delicado: Relacionamento Abusivo. Colocamos o título de: O Amor romântico e Seus Disfarces, porque o amor pode vir disfarçado e em algumas situações nos surpreender com suas facetas não tão boas como gostaríamos.

Na primeira parte falamos em como reconhecer um relacionamento abusivo, na segunda parte trouxemos algumas informações de como sair de um relacionamento abusivo. Foram breves colocações e dicas para nortear quem busca subsídios para maior compreensão acerca deste assunto.

Uma das dicas de como sair de um Relacionamento abusivo era falar com pessoas que viveram ou vivem a mesma situação, a troca de experiências pode ajudar e muito na tomada de decisão. Por isso hoje trouxemos um depoimento de uma mulher que viveu dez anos em um relacionamento abusivo e hoje se considera “livre” para ser quem ela realmente é.

“Falar do relacionamento abusivo que eu vivi, é a forma que encontrei de poder alertar e ajudar todas as mulheres que ainda se encontram aprisionadas em situações que muitos julgam ser prova de amor.

Foi lendo sobre o assunto que eu descobri que o conhecimento liberta. Descobri que somente a pessoa que está inserida neste relacionamento pode tomar a decisão. As amigas e a família me apoiavam, até financeiramente me ofereceram ajuda, mas a decisão final tinha que ser minha.  Resolvi dar um basta nessa relação que me destruía, uma relação que aos poucos me fez perder minha identidade, fazendo me esquecer de quem eu era, do que eu gostava. Coloquei como centro da minha vida meu companheiro, afinal, ele dizia que me amava, mas na verdade me controlava, dominava minhas atitudes. Eu pensando que fosse um amor tão intenso, que me fazia deixar de lado minhas amizades, minha família, mas ele nunca me proibiu de falar com eles, apenas falava mal daqueles que me amavam. Dizia que minhas amigas não era boa o suficiente para mim, porque eu era superior. Aos poucos fui me afastando, sempre com o pensamento de que: ele me ama, é isso que importa.

Sutilmente ele começou a decidir que roupa eu usaria, qual seria meu corte e a cor do meu cabelo e mais, decidiu que ele poderia sair com os amigos para se distrair, mas eu não poderia, porque não condiz com uma mulher decente, sair sem o namorado, marido, companheiro. E eu aceitei, fui diminuindo meus limites e quando vi, eu não tinha mais limites porque ele decidia tudo.

Sim, eu via que tinha algo errado, que não era normal, mas não entendia, o que estava acontecendo, afinal ele me amava tanto e eu pensava que ele só estava cuidando de mim.

Me lembro bem, que durante nossas discussões, mesmo naquelas em que eu tinha certeza que estava certa, eu sempre terminava pedindo desculpas, porque ele me manipulava de tal forma, que a culpa era sempre minha. Assim, a culpa passou a ser minha companheira, infelizmente. Digo isso porque passei a me sentir responsável por tudo que acontecia. Eu pensava que se mudasse meu comportamento, fizesse tudo da forma que ele queria, a relação iria melhorar e fiz, mas a relação não melhorou. Na verdade eu passei a “pisar em ovos” o tempo todo, quando estávamos bem e sorrindo eu cuidava de cada palavra que eu dizia para não gerar nenhum conflito e estragar aquele momento, me esquecendo que a relação é feita de duas pessoas e a responsabilidade do relacionamento era nossa e não era só minha a culpa quando algo dava errado.

Passei a chorar com frequência, e não entendia porque. Não ele nunca me bateu, ele me punia com o silêncio (alguns chamam de:  tratamento de gelo, é uma punição velada que deixa a vítima confusa e a faz ceder cada vez mais rápido, acreditando que assim o agressor voltará a tratá-la com carinho). Foram inúmeras situações, como por exemplo: se minha risada fosse exagerada, se eu falasse algo que ele não gostou, se outro homem olhasse para mim, qualquer coisa, por menor que fosse, já era o suficiente para ele ficar sem falar comigo por dias, semanas, enquanto eu me humilhava para que ele falasse comigo e recebia mais silêncio e indiferença. Pode parecer estranho, mas acreditem é muito triste ficar ao lado de quem você ama sem nenhuma comunicação, carinho então, nem pensar.

Importante dizer que a mesma pessoa que me ignorava dentro de casa, era a pessoa que ajudava as idosas a carregar sacolas, ajudava nossa vizinha cega a atravessar a rua, era um homem perfeito, pronto para ajudar os outros, então eu me perguntava: porque ele me trata tão mal e aos outros, que muitas vezes nem conhece é tão bom? Assim eu me sentia cada vez mais confusa e culpada, acreditando que o problema era realmente eu. (Somente depois fui compreender que isso também faz parte da manipulação, ou seja, agressor se mostra servil e atuante na comunidade, fazendo com que a vítima caia em descrédito)

Foram tantas, tantas punições através do silêncio, que comecei a me sentir só, mesmo estando acompanhada. Assim, fui ficando cada vez mais triste, minhas amigas falavam muito sutilmente do abuso em que eu vivia, mas eu não entendia, era uma relação de dez anos, me vi imersa em uma dependência emocional, dependência esta que vendava os meus olhos quando queria tomar alguma atitude.

Até que um dia uma amiga me falou de um site que trazia situações de relacionamento abusivo, eu fui lendo, lendo, me identificando e entendendo. Entendendo o ciclo da violência, mesmo quando não há violência física, o ciclo existe da mesma forma e não há nada que eu pudesse fazer na relação, nada mudaria o ciclo da violência, a menos que eu rompesse esse ciclo. Me lembro que foram inúmeros ensaios de término dessa relação e eu tinha medo de não conseguir viver sem ele.

Busquei muita informação, falei com muitas pessoas, participei de grupos de mulheres que viviam esta mesma situação e então eu entendi. Entendi que eu precisava tomar uma atitude, pois não queria essa tristeza para sempre, entendi que muitos homens aparentam cavalheirismo na rua e em casa agem como violentamente com suas esposas e filhos. Entendi que algumas pessoas poderiam me julgar, mas eu tinha muito mais quem me amasse e me estendesse a mão e mais que isso eu tinha a mim mesma.

E como se as coisas já não estivessem ruins, descobri traições dele, durante nossa conversa ele ainda tentou me culpar, mas desta vez eu estava preparada, e não aceitei essa culpa, consegui me posicionar e dar um basta na nossa relação.

Confesso que apesar de estar preparada, não foi fácil, chorei muito, sofri demais, ele me chantageou emocionalmente, me fazendo sentir mais culpa. Duas amigas foram cruciais para enfrentar essa fase. Então, fiquei firme, estou firme e venço uma batalha a cada dia, na guerra contra a confusão mental que ainda sinto.

Ainda hoje digo e repito que o conhecimento liberta, porque foi somente quando compreendi o que acontecia comigo que consegui juntar forças para combater aquilo que me aprisionou por dez anos.  Aos poucos fui me lembrando das coisas que eu gosto e agora me sinto livre para ser quem eu sou. Não, eu não voltarei a ser a mesma, muitas feridas e cicatrizes me fizeram crescer, e com os tombos que levei hoje quero partilhar com você...

SIM, é possível sair de uma relação abusiva, não é fácil, mas É POSSÍVEL.

E a sensação de liberdade que você vai ter quando conseguir, é de uma preciosidade tamanha que não consigo explicar.”

Essa foi uma história real.

Sabemos que muitos são os motivos que fazem com que uma mulher suporte as mais variadas situações de violências, mas acredite você não está sozinha, tem muita gente disposta a te estender a mão assim que você decidir.

E lembre-se: nunca é tarde para um novo começo, você merece ser feliz.

Sites:

www.naoeraamor.com.br

www.mapadoacolhimento.org

www.grupomadabrasil.com.br

@mas ele nunca me bateu

Atendimento telefônico gratuito:

Disque 180

Disque 100

 

O Amor Romântico e seus disfarces

O Amor Romântico e seus disfarces, parte II

 

Leonice Perosa
Psicóloga
CRP-12/06273
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